domingo, 16 de abril de 2017

Púchkin, o mais russo dos poetas


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Em fevereiro deste ano (2017) completaram-se 180 anos de morte do poeta Aleksandr Sergueievitch Púchkin. Descendente de escravos africanos, romântico exacerbado e fora dos padrões, o escritor é considerado o pai da língua russa moderna, e é, de longe, o mais lido do país. (Gazeta Russa)

Para saber mais sobre a vida do escritor russo que influenciou vários outros autores russos da maior estirpe, leia aqui (Veja: Yolanda Delgado, Gazeta Russa. 10 de fevereiro de 2012).




Para degustação, pequeno aperitivo literário do autor:




Manhã de inverno



Alexander Púchkin



Tradução de José Casado

Há frio e sol: que manhã linda!

Tu, meu primor, dormes ainda.

É tempo, ó bela, de acordar.

Desvenda o olhar que o torpor cerra,

Encara a aurora sobre a terra

Qual fosses novo astro polar!

À noite, neve e tempestade

Houve e, no céu, névoa, verdade?

A mancha lívida do luar

Nos nimbos era amarelada.

Tristonha estavas e sentada;

E ora... à janela vem olhar:

Ao claro azul do céu que esplende,

Tapete raro que se estende,

A neve jaz a fulgurar;

O bosque, só, sobressai, preto;

Verdeja, sob a geada, o abeto;

Sob gelo, eis a água a lucilar.

Faz-se ambarino o quarto inteiro.

Vem estalido prazenteiro

Do recém-aceso fogão.

Meditar perto dele é grato.

Mas dize: queres que, neste ato,

A poldra parda atrele, não?

A deslizar na neve, amada,

Dar-nos-emos à galopada

Do equino e sua agitação.

Iremos ver os nus e imensos

Campos, faz pouco inda tão densos,

E a praia de minha afeição.


1829

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