Em fevereiro deste ano (2017) completaram-se 180 anos de morte do poeta Aleksandr Sergueievitch
Púchkin. Descendente de escravos africanos, romântico exacerbado e fora
dos padrões, o escritor é considerado o pai da língua russa moderna, e
é, de longe, o mais lido do país. (Gazeta Russa)
Para degustação, pequeno aperitivo literário do autor:
Manhã de
inverno
Alexander
Púchkin
Tradução
de José Casado
Há frio e
sol: que manhã linda!
Tu, meu
primor, dormes ainda.
É tempo,
ó bela, de acordar.
Desvenda
o olhar que o torpor cerra,
Encara a
aurora sobre a terra
Qual
fosses novo astro polar!
À noite,
neve e tempestade
Houve e,
no céu, névoa, verdade?
A mancha
lívida do luar
Nos
nimbos era amarelada.
Tristonha
estavas e sentada;
E ora...
à janela vem olhar:
Ao claro
azul do céu que esplende,
Tapete
raro que se estende,
A neve
jaz a fulgurar;
O bosque,
só, sobressai, preto;
Verdeja,
sob a geada, o abeto;
Sob gelo,
eis a água a lucilar.
Faz-se
ambarino o quarto inteiro.
Vem
estalido prazenteiro
Do
recém-aceso fogão.
Meditar
perto dele é grato.
Mas dize:
queres que, neste ato,
A poldra
parda atrele, não?
A
deslizar na neve, amada,
Dar-nos-emos
à galopada
Do equino
e sua agitação.
Iremos
ver os nus e imensos
Campos,
faz pouco inda tão densos,
E a praia
de minha afeição.
1829
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